quinta-feira, 14 de maio de 2015

Somos Sarastros do conhecimento

WOLMER RICARDO TAVARES – MESTRE EM EDUCAÇÃO E SOCIEDADE - REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA - 12/05/2015

Em nossa história tivemos um momento em que foi denominado período das trevas e o iluminismo veio nos direcionar a usar mais o poder da razão, reformando as maneiras de pensar e agir. Este movimento denominado Século das Luzes foi norteado por pensadores e filósofos como Isaac Newton, John Locke, Spinoza, Kant dentre outros de mesma relevância para este movimento que fomentou a busca e o desenvolvimento da ciência e da razão.
Explicando melhor o iluminismo, temos na fala de Kant que era a saída dos seres humanos da tutelagem impostas a eles por eles mesmos. Para Kant, pessoas tuteladas encontram-se incapazes de fazer o uso correto da razão e pela falta de coragem em fazer uso dessa razão. As ideias de Marx convergem com as de Kant, pois para Marx apud Souza (2007, p. 91), “o homem educado é o homem livre, e o homem livre é aquele que prescinde da tutela ideológica, seja ela política, seja ela religiosa”.
A tutelagem nos impede de vislumbrar o conhecimento, pois precisamos saber pensar e saber pensar não combina com cidadania tutelada, aquela que nos quer massa de manobra, submissos e ignorantes. Nem combina com cidadania assistida, porque aceita apenas a assistência necessária e tem como ideal viver sem assistência. Combina com cidadania emancipada, aquela que sabe o que quer, por que quer e como quer. (DEMO: 2000, p. 18 e 19)
A tutelagem dependendo do prisma em que é observado, pode ser visto como algo covarde, pois inibe o ser humano em alçar voos altos como um Capelo Gaivota.
Essa tutelagem era uma prática comum na Era Medieval, e na efervescência iluminista, tivemos artistas como Mozart e Emanuel Schikaneder, apresentando A Flauta Mágica, uma grandiosa ópera mostrando a filosofia do iluminismo, fazendo um fomento ao lema da Revolução Francesa que é Liberdade, Igualdade e Fraternidade, nos tirando de vez da era medieval, conhecida pela era das trevas, representada pela injustiça, subordinação, tirania e manipulação do conhecimento pela Igreja.
A pergunta aqui é: Será que estamos repetindo a história como um Déjà vu e estamos voltando para época escura na qual se faz imperar a injustiça, inversão de valores, tirania, a desigualdade, e o domínio de uma elite esmagadora e corruptora?
Para o iluminista Mozart em sua obra acima tem um personagem denominado Sarastro, personagem que simboliza o homem racional e detém um poder devido a sua sabedoria e nunca pela força. Neste personagem encontra-se não a resposta para os questionamentos, mas o caminho para se chegar a sabedoria. Esta sabedoria leva o homem a enfrentar a superstição, irracionalidade, tirania, subordinação tanto intelectual quanto social, tudo isso por meio da busca do autoconhecimento, autonomia e liberdade de pensamento.
Nós educadores temos agido como um Sarastro ou apenas uma marionete deste sistema manipulador? Temos desenvolvido a autonomia de nossos educandos ou apenas passando um conteúdo estéril de uma educação institucionalizada, fazendo como a rainha da noite na referida ópera, impondo que seus inferiores devam ou não pensar e fazer?
Temos que perceber que como educadores, somos verdadeiros elos entre conhecimento e cidadania consciente, ativa e protagônica. Somos Sarastros a incentivar e motivar educandos na busca de um conhecimento útil e aplicável a seu contexto fazendo com que este possa ser o alicerce de suas constantes buscas e transformações.
Sejamos Sarastros a exigir novamente este iluminismo para a sociedade, tendo na educação, a forma incondicional para a sua aplicação, fazendo com que nossos educandos deixem de ser seres tutelados/manipulados, passando a ser agentes transformadores e ativos.
DEMO, Pedro. Saber Pensar. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2000 – (Guia da Escola Cidadã; v. 6)
SOUZA, João Valdir Alves de,. Introdução a Sociologia da Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
Estudo aponta melhora no desempenho de alunos após o banimento de celulares em escolas Um estudo conduzido por pesquisadores das Universidades do Texas e de Louisiana a respeito das políticas de uso de aparelhos celulares em quatro cidades inglesas aponta que as escolas que baniram os dispositivos registraram uma melhora de até 6% nas notas dos seus alunos. O levantamento batizado de `Tecnologia, distração e o desempenho de estudantes` analisou o desempenho dos estudantes desde 2001, antes e depois da proibição dos aparelhos nas escolas, em Birmingham, Londres, Leicester e Manchester, combinou esses dados com as informações sobre o desempenho dos jovens em exames nacionais externos. Depois que os celulares foram proibidos, os estudantes na faixa etária de 16 anos tiveram um desempenho 6,4% maior que o desvio padrão, o que, de acordo com os pesquisadores, corresponde à adição de o equivalente a uma hora a mais de estudos na escola por semana, ou `cinco dias de escola por ano`. De acordo com Richard Murphy, professor assistente de Economia da Universidade do Texas, e Louis-Philippe Beland, professor da Universidade do Estado de Louisiana, autores do estudo, os resultados da pesquisa podem ser semelhantes nos EUA, onde 73% dos adolescentes têm um telefone celular — no Reino Unido, em 2012, esse percentual era de 90,3%. Os pesquisadores, no entanto, fazem uma ressalva quanto às conclusões do estudo. `É importante notar que esses ganhos (nas notas) são proeminantes entre aqueles que têm notas menores, e que mudanças na política que permite celulares em escolas tem o potencial de exacerbar as desigualdades de aprendizagem`, escreveram eles em um artigo no site The Conversation. Eles afirmam que, enquanto o ganho observado em estudantes com notas menores foi o dobro do que aqueles com notas médias, o banimento de celulares não teve nenhum efeito entre os estudantes com notas maiores, e nem nos alunos na faixa etária de 14 anos — que tendem a usar menos os celulares. Em 2001, quando o estudo foi iniciado, nenhuma das escolas analisadas havia banido aparelhos celulares das salas de aula. No entanto, em 2007, as instituições que passaram a proibir os dispositivos aumentou para 50% e, em 2012, para 98%.
Brasil fica em 60º em ranking mundial da educação O maior ranking mundial de educação foi divulgado nesta quarta-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e trouxe países asiáticos no topo da lista. O primeiro lugar foi ocupado por Cingapura, seguido por Hong Kong— região administrativa especial da China— e pela Coreia do Sul. Entre os 76 países avaliados, o Brasil ficou na parte baixa da tabela, ocupando a 60ª posição, próximo de nações africanas. A última colocação do ranking ficou com Gana, na África. Outros três países sul-americanos ficaram entre os 15 últimos colocados: Argentina (62ª), Colombia (67ª) e Peru (71ª). O ranking foi estabelecido com base em resultados de testes de matemática e ciências aplicados nesses países. Além dos resultados Pisa, foram analisados o TIMSS— dos EUA— e o TERCE, aplicado em países da América Latina. “Esta é a primeira vez que temos uma escala verdadeiramente global sobre a qualidade da educação. A ideia é dar a mais países, ricos e pobres, a possibilidade de comparar a si mesmos com os líderes mundiais em educação para descobrir seus pontos fracos e fortes e ver o ganhos econômicos a longo prazo gerados pela melhoria da qualidade da educação”, afirmou o diretor educacional da OCDE, Andreas Schleicher. De acordo com o relatório, os índices de educação de um país podem sinalizar os ganhos econômicos que essas nações terão a longo prazo. Além disso, o país que hoje ocupa o primeiro lugar da lista, Cingapura, já registrou altos níveis de analfabetismo na década de 60, o que é visto como um exemplo de que o progresso educacional é possível mesmo em pouco tempo. “Políticas e práticas educativas deficientes deixam muitos países em um permanente estado de recessão econômica”, conclui o relatório. O ranking será apresentado oficialmente na próxima semana, durante o Fórum Mundial de Educação, na Coreia do Sul, quando líderes mundiais irão se reunir para traçar novas metas para educação. Os últimos objetivos foram estabelecidos há 15 anos e alguns deles, como fornecer ensino primário a todas as crianças, ainda não foram atingidos.
178 mil candidatos ficaram de fora do Fies, diz governo Cerca de 178 mil estudantes iniciaram o pedido de crédito do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) neste ano, mas não tiveram o processo concluído. O número foi apresentado pelo MEC (Ministério da Educação) à Justiça Federal, que derrubou, nesta terça (12), liminares que prorrogavam o prazo de inscrições no programa federal, inicialmente previsto para 30 de abril. O ministério não chegou a reabrir o sistema. Na semana passada, o ministro Renato Janine (Educação) já havia informado que a pasta chegou ao limite orçamentário disponível (R$ 2,5 bilhões) e, por isso, prorrogar a data teria efeito inócuo. "[Esse grupo de 178 mil] Poderia gerar impacto orçamentário e financeiro da ordem de R$ 7,2 bilhões, dos quais R$ 1,8 bilhão somente em 2015, se considerados o valor médio das semestralidades financiadas", diz a nota do ministério. Neste primeiro semestre, 252.442 novos contratos foram firmados com o MEC. O número corresponde a 34,5% do total de 2014 (731.723). O ministro Janine já afirmou que ainda não é possível prever se haverá abertura de mais vagas no segundo semestre.