segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Celular passa de vilão a aliado em escolas de SP

Ele já foi um dos grandes vilões da sala de aula. Proibido na maioria das escolas, o celular era apontado pelos professores como um dos principais motivos de desatenção dos alunos. Colégios particulares de São Paulo, no entanto, defendem que ele pode ser um aliado no aprendizado.

Como as crianças ganham o primeiro celular cada vez mais cedo, há escolas que já usam o aparelho a partir do 6.º ano do ensino fundamental. Os colégios recomendam, porém, que haja um acordo com os alunos para que o item seja utilizado somente quando os professores autorizarem.

No Colégio Bandeirantes, os celulares são usados pelos alunos do ensino médio em algumas aulas de um projeto interdisciplinar, o Steam (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática, na sigla em inglês). Em uma delas, os estudantes utilizam o aparelho para buscar mais informações sobre obras de artes. As imagens de quadros são dispostas pela sala e, ao mirar o aparelho para elas, o aluno pode visualizar vídeos, áudios e outras informações sobre o artista e o período em que a obra foi feita.

Em outro projeto, eles investigam e precisam solucionar um crime fictício. Os jovens recebem pistas pelo celular e, durante a resolução, se deparam com conteúdos de biologia, física e química.

Segundo Tiago Eugenio, professor de biologia do colégio, para essas atividades é usado o conceito de realidade ampliada, que adiciona informações virtuais a elementos do mundo real. `Os jovens estão acostumados com a tecnologia, mas, mesmo assim, ficam impressionados quando encontram as informações dessa forma.`

Pokémon

A professora de biologia Viviane Bozolan, do Colégio Mary Ward, decidiu usar o celular como aliado em uma situação inusitada. Um dia após o lançamento do jogo Pokémon Go, ela estava com dificuldade em dar aula porque os estudantes do ensino médio não largavam o aparelho. Aproveitou, então, o interesse pelo jogo para associá-lo à aula sobre protozoários.

`Comecei a explicar que protozoários, assim como os pokémons, também têm ciclo de vida, passam por transformações e têm poderes de ataque. Os alunos acharam divertido e passaram a prestar atenção.` Segundo Viviane, o professor não pode se esquecer de impor limites. `Fiz um acordo para usarem em alguns momentos.`

No Colégio Móbile, o celular é proibido para os alunos do ensino médio, mas seu uso pode ser liberado para fins pedagógicos. Na aula de Rodrigo Mendes, professor e coordenador de biologia do colégio, o aparelho é usado para aumentar a interação. `Quando faço uma pergunta para a classe, só posso ouvir o que dois ou três vão dizer, e são mais de 30 estudantes por sala`, afirma. Por isso, começou a usar formulários online, para que todos pudessem responder ao mesmo tempo.

Os estudantes a partir do 6.º ano do fundamental são proibidos até mesmo de levar o celular para a escola, mas exceções podem ser abertas quando o aparelho é usado para atividades como a que os alunos fotografam plantas e insetos para discutir sobre eles na aula de ciências.

Estado

Também na rede estadual a liberação do uso de celular em aula está em discussão. O secretário estadual da Educação, José Renato Nalini, pediu ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) que libere o uso do aparelho para fins pedagógicos. A proposta está sob análise. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO - UOL EDUCAÇÃO - 05/09/2016 - SÃO PAULO, SP

Alunos cotistas são maioria em 63 universidades federais

As 63 universidades federais do país já oferecem mais vagas para cursos de graduação por sistema de cotas e ações afirmativas do que pelo formato de concorrência comum.

Este foi o primeiro ano em que a reserva para estudantes de escolas públicas superou o porcentual aberto à ampla disputa, dominado historicamente por alunos oriundos de unidades particulares de ensino.

O aumento foi impulsionado pela Lei 12.711, a chamada lei de cotas. Sancionado e regulamentado em 2012, o texto previa que gradualmente as universidades passassem a destinar vagas para cotas até que, ao fim de quatro anos, o porcentual atingisse 50% com base em critérios sociais e raciais.

No primeiro semestre de 2016, foram ofertadas 114,5 mil vagas reservadas (51,7%), ante 113 mil de disputa livre (48,3%). Em 2013, a proporção destinada a cotas estava em 33,4%.

O cumprimento da meta dos 50%, no entanto, ainda não significa que metade dos alunos atualmente matriculados nas universidades tenha vindo da escola pública. Relatório da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) mostrou que as federais tinham, em 2014, 939 mil estudantes, dos quais 305 mil, ou 32,55%, haviam entrado por meio de cota.

A expectativa é de que a reserva para cotas continue aumentando nos próximos anos. Em 2022, está prevista uma revisão do texto, que nasceu com argumento de política provisória.

Especialistas em Educação elogiaram o cumprimento da meta e ressaltaram o papel da inclusão para a representatividade, mas pediram atenção às formas de apoio e assistência a alunos que usam a reserva, dos quais metade é de baixa renda.

`As universidades federais são onde se forma a elite intelectual, empresarial e política do país. Então, uma universidade mais com a cara do Brasil, representada por negros e pessoas de baixa renda, ajuda a formar uma elite mais consciente`, disse o professor da Uerj (Universidade Estadual do Rio) André Lázaro. `De outra forma, um conjunto de questões relevantes para a nação acaba se perdendo por esse público não dispor de uma inteligência formada na linguagem do ensino superior.`

Lázaro pede que um formato de avaliação seja instituído mais claramente para que em 2022 possa ser feita uma avaliação dos efeitos da lei. Hoje, diferentes pesquisadores conduzem análises sobre a medida. Um deles é o coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, Naercio Menezes Filho, que analisou notas do Enem de beneficiados por cotas.

O estudo mostra que a reserva de vagas não provocou queda relevante na nota mínima nem média de entrada nas instituições de ensino. `Há muita gente de escola pública na disputa. Então, os aprovados acabam entre os 10% com melhor desempenho. As cotas parecem muito boas, porque aumentam a representatividade sem diminuir muito a nota.`

O estudante Hasani dos Santos, de 22 anos, está no último ano de Ciências Sociais na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). É o primeiro da família a entrar em uma universidade.

`Minha visão de ascensão sempre foi com o trabalho, nunca tive perspectiva de fazer universidade.` Para ele, cotistas favorecem a pluralidade.

fonte: ESTADÃO CONTEÚDO - UOL EDUCAÇÃO - 04/09/2016 - SÃO PAULO, SP

Saeb será o principal sistema de avaliação

Em nota oficial divulgada nesta sexta-feira, 2, o Ministério da Educação justifica a decisão de restabelecer o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o que foi feito por meio da Portaria nº 981, de 25 de agosto último. Em maio, o Saeb fora substituído pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Sinaeb).

De acordo com a atual gestão do MEC, o Saeb já estava plenamente consolidado e reconhecido internacionalmente. Portanto, qualquer alteração que se fizesse necessária em suas referências não seria conveniente ou oportuna até que seja concretizada a revisão da Base Nacional Comum Curricular. Na nota, o MEC considera importante destacar, ainda, que o Saeb, criado em 1990, sustenta-se em estatísticas consolidadas. Suas informações subsidiam a formulação, reformulação e o monitoramento das políticas na área educacional nas esferas municipal, estadual e federal e contribuem para a melhoria da qualidade, equidade e eficiência do ensino.