quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

✅ Porque deu errado?

O jornal Folha de S.Paulo publicou em 18 de fevereiro o artigo "Reorganização da rede falhou ao ignorar vínculos com escola", de Priscila Cruz, que é presidente-executiva do movimento Todos pela Educação. No texto, a argumentação central de Priscila é: "Entretanto, além do evidente problema de comunicação, o mais grave na proposta de reorganização foi a tentativa de fechar escolas, desconsiderando o vínculo dos jovens, das famílias e dos professores com esses espaços."

Em parte, é verdade o que diz a autora. No entanto, é isso e muito mais… Ou seja, a reorganização da rede falhou ao ignorar a comunidade escolar, os pais, os alunos, os professores e entidade de classe como a Apeoesp, que fez boas críticas à reorganização. A verdade é uma só: o governo não consultou os interessados e quis fechar escolas para cortar gastos. Demitir professores, principalmente. Em seguida, tivemos uma série de protestos e ocupação de escolas no estado. Outro erro: com a reorganização, em muitos casos os alunos iriam estudar em escolas mais longe de seus domicílios.

Resultado: a popularidade do governador Alckmin, do PSDB, caiu muito. Segundo o Datafolha, foi de 48% para 28%. Abriram-se feridas… Preocupado com a queda de popularidade, o tucano adiou a reorganização. De outro lado, as três grandes universidades públicas do Estado – USP, Unicamp e UFABC – manifestaram-se contra o projeto tucano. A mídia, por sua vez, ficou ao lado do governador, como costuma fazer. Porém, com o crescimento das ocupações das escolas, a imprensa foi obrigada a rever o seu posicionamento. E passou a relatar o movimento de pais e alunos.

Pois bem, uma observação necessária: são muitos os fatores que levaram ao fracasso do projeto da reorganização. Entre eles, faltou diálogo com pais e alunos, faltou informação e faltou um debate mais aprofundado com a sociedade acerca das mudanças. Concordo com Priscila quando diz que nada justifica que 245 mil alunos, de 15 a 17 anos, estejam fora da sala de aula no estado mais rico do país. Aliás, espera-se que o novo secretário de educação, José Renato Nalini, ao contrário do anterior, dialogue com os professores, com os pais, com alunos, com a comunidade escolar e com os sindicatos. Tem mais, ninguém pode negar o fato de que a escola pública, apesar de maltratada e desvalorizada pelos sucessivos governos paulistas, ainda, oferece a todos oportunidade em termos de igualdade.

Autor: Ricardo Santos é professor e jornalista

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

✅ Nenhuma criança deve ser comparada a outras.

A professora Zenita Guenther costuma dizer que se os pais pararem de comparar seus filhos com as outras crianças e começarem a respeitar o que eles são, metade do que as famílias percebem como problema acaba. Psicóloga de formação, Zenita é mestre em Orientação e Aconselhamento Psicológico pela Universidade South Florida e Ph.D. em Psicologia da Educação, pela Universidade da Flórida, nos Estados Unidos. Estudou e trabalhou com a psicóloga e educadora russa Helena Antipoff, uma das maiores autoridades do mundo em psicologia da inteligência.

Depois de se aposentar da função de professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais, Zenita Guenther fundou o Centro para o Desenvolvimento do Potencial e do Talento em Lavras, Minas Gerias, um dos primeiros institutos a trabalhar com superdotação com foco em três vertentes: o atendimento a crianças, a famílias e a formação de professores. Hoje, há unidades do CEDET em Lavras, Assis, São José do Rio Preto e Poços de Caldas. Zenita Guenther recebeu a reportagem de ÉPOCA em sua casa em Lavras, no sul de Minas Gerais. Acompanhe trechos da entrevista no vídeo abaixo.

Veja a entrevista em: https://youtu.be/v4fFuYp3rAU

✅ CDH analisa projeto que obriga ensino de Libras na educação básica

Fonte: Ag Senado

O currículo do ensino básico pode ter a inserção obrigatória da língua brasileira de sinais. É o que estabelece o projeto (PLS 449/2013) apresentado em 2013 como sugestão no programa Jovem Senador, que destaca como preferência para o ensino de Libras o período entre o 6º e o 9º ano do ensino fundamental. Mais informações com o repórter Herbert Madeira da Rádio Senado neste link:  http://bit.ly/1QxUPhI

✅ Cidade gaúcha tem o menor índice de analfabetismo do país

Feliz, com 13 mil habitantes, ostenta o menor índice de analfabetismo do Brasil: 0,95%, segundo a última pesquisa do IBGE, feita em 2010.

Um exemplo de uma cidade onde praticamente todos os moradores sabem ler e escrever. São histórias de superação de brasileiros que não desistiram de estudar. O Bom Dia Brasil já mostrou o tamanho do desafio da alfabetização, mas tem solução e todo mundo pode ajudar. 

Tem municípios onde o investimento em educação já deu resultado. Um mutirão que envolve todo mundo. Um exemplo é Feliz, cidade gaúcha com 13 mil habitantes a 70 quilômetros de Porto Alegre que ostenta o menor índice de analfabetismo do país: 0,95%, segundo a última pesquisa do IBGE, em 2010. O município investe um quarto do Orçamento em educação e tem também um dos melhores IDHs, o Índice de Desenvolvimento Humano.

Veja a íntegra da reportagem em: http://glo.bo/1T6OGQe

✅ RG de pesquisador

Instituições brasileiras começam a adotar o identificador Orcid, assinatura digital global para autores científicos e acadêmicos.

Fonte:  Revista Facesp - Ed. 238 - Dezembro de 2015 - por Fabrício Marques

Nos próximos meses, os 3,5 mil docentes da Universidade Estadual Paulista (Unesp) serão convocados a se cadastrar no Orcid (sigla para Open Researcher and Contributor ID) e passarão a ter um número de identificação que servirá como uma assinatura digital no ambiente científico global, sem risco de confusão com homônimos. Quando forem submeter um artigo a uma revista científica, por exemplo, precisarão apenas informar sua sequência particular de 16 números, como a de um cartão de crédito, para que suas informações, tais como nome, assinatura padronizada e afiliação, sejam preenchidas no formulário.
Essa é um das utilidades mais palpáveis do registro, mas suas aplicações são mais amplas. Cada usuário pode, se quiser, construir um perfil reunindo sua produção acadêmica, numa espécie de currículo acadêmico certificado. Seus novos papers serão automaticamente recuperados, pois o número de identificação único se conecta com bancos de dados de revistas científicas e repositórios de instituições que se afiliaram ao sistema. A produção científica pregressa também pode ser resgatada. O usuário pode intercambiar dados entre perfis acadêmicos e profissionais, tais como o ResearcherID, da empresa Thomson Reuters, o Scopus e o Mendeley, da editora Elsevier, ou o LinkedIn. Dessa forma, um currículo com informações certificadas pode se tornar acessível a editores e revisores de revistas científicas, agências de fomento e programas de avaliação.

O registro de autores é gratuito, mas instituições podem se afiliar à plataforma, pagando uma taxa anual para integração de sistemas e suporte. A intenção da Unesp é aperfeiçoar a identificação dos seus afiliados no repositório institucional, que reúne dados sobre 92 mil itens da produção científica de docentes e pesquisadores da instituição. A construção do repositório partiu do zero há pouco mais de dois anos e buscava atender a uma demanda da FAPESP para reu-nir, preservar e dar acesso aberto à produção científica dos pesquisadores das três universidades estaduais paulistas.

Esse esforço, diz Flavia Maria Bastos, coordenadora das bibliotecas da Unesp e do programa de repositório institucional da instituição, exigiu um trabalho minucioso de tratamento das informações disponíveis em bases de revistas científicas e no currículo Lattes dos docentes para identificar a produção de cada um deles, a despeito de não usarem uma assinatura padronizada em todos os artigos – é comum, principalmente quando o autor tem vários sobrenomes, que assinaturas apareçam com abreviações diferentes. "Agora, quando um docente da Unesp publicar um artigo científico, nosso sistema conseguirá recuperar imediatamente os dados sobre esse paper e vinculá-lo à sua produção científica", diz Flavia. "Com isso, teremos dados de qualidade sobre a produção de cada pesquisador, de cada unidade da Unesp e da universidade como um todo. Ainda hoje, apesar dos esforços para criar o repositório, temos parte da nossa produção oculta por ambiguidade de nomes de pesquisadores e da própria Unesp, cuja sigla às vezes é confundida com a da USP e até da Universidade Paulista, a Unip."

Trabalho de coleta
A Unesp é a primeira instituição brasileira a se afiliar ao Orcid, mas em breve deverá ter companhia. A Universidade de São Paulo (USP) também planeja afiliar-se em 2016. Com um repositório criado em 1985 que congrega mais de 700 mil registros da produção intelectual de seus pesquisadores, inclusive cópias físicas, a USP pretende, com o cadastro universal, tornar automática a recuperação da produção científica, facilitando o trabalho de coleta. Hoje, a equipe do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) da USP cadastra o nome de cada um dos pesquisadores em bases de dados de publicações científicas para receber mensagens de alerta quando seus artigos científicos são publicados. O passo seguinte é baixar uma cópia do documento e preservá-lo no repositório. "Queremos usar o Orcid para facilitar o rastreamento e trazer os metadados das várias fontes que se interligam por meio de número de identificação único, como o ResearcherID. Essa ferramenta possibilitará que a universidade monitore sua produtividade intelectual por meio dos indicadores", diz Maria Fazanelli Crestana, coordenadora do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP.

O Orcid é uma organização sem fins lucrativos que reúne registros de 1,78 milhão de pesquisadores, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Cerca de 28 mil brasileiros já se cadastraram. Em maio passado, a organização criou um escritório em São Paulo para ampliar sua presença na América Latina que, além do acordo recente com a Unesp, já obteve afiliações da biblioteca virtual Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal (Redalyc), sediada no México, e do Consejo Nacional de Ciencia, Tecnologia e Innovación Tecnológica, órgão de planejamento científico do governo do Peru que quer integrar o Orcid ao currículo dos pesquisadores do país. "Estamos conversando com autoridades brasileiras sobre a possibilidade de integrar ao Orcid os dados da Plataforma Lattes, que reúne mais de 4 milhões de currículos de pesquisadores e estudantes brasileiros", diz Lilian Pessoa, historiadora formada na USP que se tornou representante do Orcid para a América Latina.

A plataforma foi criada nos Estados Unidos em 2011 com a intenção de contornar um problema que atrapalha universidades, editoras de publicações científicas e bibliotecas: a dificuldade de distinguir autores com sobrenomes muito comuns e identificar sua contribuição acadêmica. O peso crescente da China na ciência internacional tornou ainda mais desafiadora a tarefa de identificar a produção de homônimos. Ocorre que 85% da população chinesa compartilha um conjunto de pouco mais de uma centena de sobrenomes. "O Orcid resolve o problema da ambiguidade, pois não há dois pesquisadores com o mesmo número de identificação", diz Lilian Pessoa. "Se uma pesquisadora muda de sobrenome quando se casa, seu Orcid vai permanecer o mesmo e ela não terá dificuldades em identificar sua produção", explica Antonio Álvaro Ranha Neves, professor da Universidade Federal do ABC, entusiasta da nova plataforma que se registrou em 2013 e se tornou embaixador da iniciativa no Brasil. A função, de caráter voluntário, consiste em disseminar seu uso no ambiente acadêmico. "É possível usar o Orcid inclusive para identificação de autores em seus sites pessoais e blogs."

A ideia de um cadastro individual para os pesquisadores não é nova. A empresa Thomson Reuters criou em 2008 o ResearcherID, código que identifica pesquisadores e congrega sua produção científica registrada na base de revistas Web of Science (WoS). A editora Elsevier, que mantém a base de revistas Scopus, lançou o similar Scopus Author Identifier, assim como o Google desenvolveu o Google Scholar ID, que captura a produção científica de várias fontes na internet e constrói perfis de pesquisadores, oferecendo inclusive indicadores como citações e índice-h. "Essas iniciativas tinham uma limitação. No caso do ResearcherID e do Scopus, pertencem a empresas que buscam vender serviços e indicadores e seus resultados são abertos só para assinantes", diz Neves. "Além disso, baseiam-se num conjunto específico de revistas, as indexadas em cada base de dados, e não em toda a produção."

Egressos
A vantagem do Orcid sobre os outros sistemas é ter um registro capaz de recuperar dados de qualquer fonte que aceite o identificador como referência, incluindo os bancos de dados de revistas indexadas, repositórios institucionais, bancos de teses e até perfis de redes sociais acadêmicas. A plataforma foi criada com o apoio de editoras científicas, como as do grupo Nature, interessadas em melhorar o fluxo e fidedignidade dos metadados (dados sobre os dados) de artigos científicos e facilitar o trabalho dos editores e revisores na avaliação de manuscritos. Várias universidades se juntaram à iniciativa, como Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. "A Boston University adotou o Orcid não só para seus professores e pesquisadores, mas até mesmo para alunos de graduação. Com isso, busca avaliar a produção dos egressos e acompanhá-los em sua trajetória profissional", diz Antonio Neves.

Em países como Portugal e Itália, o Orcid foi adotado por órgãos de governos para identificar a produção dos pesquisadores. O recurso ganha adeptos no Reino Unido, onde o Higher Education Funding Council for England (Hefce), um dos órgãos responsáveis pela cara e minuciosa avaliação das universidades que acontece a cada cinco anos, passou a encorajar pesquisadores a criarem seus registros e tornarem mais visível sua produção. Instituições de fomento, como os Institutos Nacionais de Saúde, dos Estados Unidos, e o Welcome Trust, do Reino Unido, introduziram o registro em seus sistemas de avaliação e passaram a exigir o número de identificação dos pesquisadores que apresentam pedidos de financiamento.

Para Abel Packer, coordenador da biblioteca digital brasileira SciELO, que reúne 280 revistas em regime de acesso aberto, a adoção do Orcid é uma tendência irreversível, mas a velocidade com que isso acontece ainda é lenta. "O crescimento tem sido constante, mas não foi o boom que se esperava", afirma. O formulário de submissão de manuscritos de mais de uma centena de revistas do SciELO tem um campo opcional para a inclusão do Orcid. "Mas apenas 5% dos autores informam seus dados, proporção que se repete em revistas de outros países", afirma. O ideal, diz Packer, é que revistas científicas e agências de fomento tornassem obrigatória a inclusão do registro. "O Orcid só se tornará consenso, como o sistema de identificação DOI se tornou para identificar artigos científicos, se for obrigatório. A grande adesão à Plataforma Lattes se deu quando ela se tornou mandatória para os estudantes de pós-graduação e docentes", afirma. "Mas muitas revistas científicas resistem em exigir o registro porque temem espantar autores."

A consolidação do Orcid é lenta, na avaliação de Packer, porque muitos autores ainda não perceberam a utilidade no uso do registro assim como as universidades, editoras e agências. "Um grande contingente de pesquisadores mantém perfis em redes sociais científicas, como o ResearchGate, a Academia.edu e o Mendeley, onde reúnem e tornam públicos seus trabalhos científicos. Para muitos deles, inscrever-se no Orcid é apenas uma tarefa a mais para atingir o mesmo objetivo", diz.

Para Packer, um passo fundamental para disseminar o Orcid no Brasil é integrá-lo à Plataforma Lattes. "Para os pesquisadores brasileiros, seria bastante útil se a informação que eles já registraram no currículo Lattes fosse recuperada de forma automática pelo Orcid", afirma o coordenador do SciELO, para quem o Lattes precisa urgentemente se reinventar. "A plataforma brasileira precisa de uma inovação radical para não ficar para trás. Desenvolveu-se como uma base de currículos única e exemplar no mundo, mas nos últimos anos deveria ter se tornado uma rede social por meio da qual os pesquisadores pudessem fazer networking e trabalhar em redes, a exemplo do que aconteceu com Mendeley ou ResearchGate. A perda de espaço do Lattes e as barreiras que se impõem ao acesso e intercâmbio de dados é algo trágico e revela a dificuldade do Brasil em inovar", afirma.

✅ Brasilianas.org discute currículo comum para educação básica.

O desafio de construir um currículo escolar comum em nível nacional e que seja motivador do aprendizado é o tema de hoje (22) do programa Brasilianas.org, da TV Brasil. A proposta foi disponibilizada para consulta pública em uma plataforma on-line do Ministério da Educação (MEC). Até o momento, foram recebidas mais de 10,3 milhões de contribuições e o prazo para participar vai até 15 de março. A Base Nacional Comum Curricular é uma das estratégias estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) para melhorar a educação básica.

A diretora da Faculdade de Educação da USP, Lisete Arelaro, falou sobre a necessidade de capacitar professores para assumir esse novo currículo, pois, segundo ela, "o currículo das faculdades de educação é antigo". A professora falou ainda sobre a centralidade que a formação de professores deve ter nessa discussão. "Os cursos de licenciatura, de uma maneira geral, têm vagas, porque o salário é tão baixo no Brasil que não compensa para um jovem investir na sua formação e ser professor. É um problema que é nacional".

Ricardo Falzetta, gerente de conteúdo movimento Todos Pela Educação, diz que é fundamental pensar a carreira docente de modo que o bom profissional em sala de aula consiga crescer na função sem precisar seguir para a gestão escolar como forma de ascensão. "Esses desenhos precisam ser melhorados e estão previstos no Plano Nacional de Educação: ter melhores carreiras, melhor remuneração. Agora, a gente precisa descobrir de onde vem esse dinheiro e como ele vai chegar na educação".

Maria Teresa Mesquita de Paula, pedagoga responsável pela Escola Criativa Idade, em Poços de Caldas, destacou a importância de se ouvir os estudantes no processo de ensino e aprendizagem. "A primeira definição de um projeto começa com roda de conversa com crianças. A partir dessa situação, o professor tem todo o seu propósito pedagógico, mas, se não tem diálogo, fica empobrecido", explicou. A escola trabalha com a pedagogia de projetos, na qual os conteúdos são trabalhados de forma interdisciplinar a partir de um tema comum e da realidade dos alunos.

A Base Nacional Comum Curricular deverá ser entregue em março deste ano e, por meio dele, o MEC quer fixar um conteúdo mínimo de 60% em escala nacional, enquanto que 40% do método de ensino ficará a cargo das políticas públicas de cada estado e município.

O Brasilianas.org, apresentado pelo jornalista Luis Nassif, vai ao ar a partir das 23 h desta segunda-feira (22).
 
Fonte: Agência Brasil   
Edição: Fábio Massalli

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

✅ Estado de SP reduz 1 hora de aula em 118 escolas e pais fazem críticas

Fonte: UOL Educação
A gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) reduziu em uma hora as aulas em 118 escolas estaduais que têm período integral. Muitos pais foram surpreendidos no primeiro dia de aula ao descobrirem que os filhos ficariam apenas oito horas na escola - e não mais nove, como nos anos anteriores.
Como de costume, a empregada doméstica Elenice Rocha, de 57 anos, preparou-se para deixar a filha de 8 anos às 7 horas na Escola Ceciliano José Ennes, no Itaim-Bibi, e depois seguir para o trabalho. Mas, anteontem, os portões só abriram às 7h30. `Os pais ficaram esperando do lado de fora, sem nenhum aviso ou informação. Só depois que estávamos todos lá fomos informados que o horário havia sido alterado para entre 7h30 e 15h30, e não mais até as 16 horas, como estávamos acostumados.`
Ela e outros pais da escola estão preocupados com a mudança repentina por ter de alterar os horários de seus expedientes para buscar e levar os filhos. A faxineira Eliana Aparecida da Silva, mãe de um aluno de 10 anos, combinou com uma colega, que tem o filho na mesma sala, para alternar os dias em que vão buscar os estudantes. `Eu chego às 15h30 em um dia e espero com as crianças na rua até ela chegar, às 16 horas. No dia seguinte, ela faz isso. Assim, reduzimos os dias em que vamos precisar sair mais cedo do trabalho.`
Padrão
A coordenadora do Programa Escola de Tempo Integral da Secretaria Estadual da Educação, Vera Goloni, disse que a redução da carga horária estava prevista desde outubro, para que essas 118 unidades passassem a ter o currículo padronizado em relação às demais 414 escolas com período integral, que já tinham carga horária de oito horas diárias.
Vera admitiu que houve um `erro de comunicação`, uma vez que alguns pais não foram avisados antes das mudanças. `Foi um equívoco, tanto do órgão central (a secretaria estadual), como das diretorias de ensino e escolas, que deveriam tomar providências e informar todos os pais porque as crianças exigem cuidado e zelo.`
Segundo ela, em quatro escolas da capital em que os pais não souberam da mudança antes das aulas será feito um período de adaptação, com o acolhimento das crianças por nove horas, como ocorria anteriormente, para que os pais possam organizar suas rotinas. Vera disse também que essas escolas abrirão consulta para que os pais opinem sobre o melhor horário de aula

✅ Aprovada em 1º turno PEC que autoriza universidade pública a cobrar por curso lato sensu

Revista Gestão Universitária - Belo horizonte/MG
O Plenário da Câmara dos Deputados concluiu, nesta quarta-feira (17), a votação da Proposta de Emenda à Constituição 395/14, do deputado Alex Canziani (PTB-PR), que permite às universidades públicas cobrar pela pós-graduação lato sensu. A matéria precisa ser votada ainda em segundo turno.
Na votação desta quarta-feira, os deputados retiraram do texto a possibilidade de cobrança pelo mestrado profissional. A exclusão desse ponto constava de destaque do DEM, aprovado por 445 votos a 10. O PCdoB e o PDT apresentaram destaques no mesmo sentido.
O texto-base da PEC – um substitutivo da comissão especial, de autoria do deputado Cleber Verde (PRB-MA) – foi aprovado em outubro de 2015, por 318 votos a 129, mas desde então faltavam ser votados os destaques.
Segundo o texto, o ensino público superior de graduação e de pós-graduação acadêmica continua gratuito, mas as instituições poderão cobrar pelos cursos de extensão e de pós-graduação lato sensu.
A exceção será para os programas de residência (em saúde) e de formação de profissionais na área de ensino, que continuarão gratuitos.
Em qualquer situação, deverá ser respeitada a autonomia universitária, ou seja, a universidade decidirá se deseja ou não cobrar pelos cursos.
Discussão no Supremo
Segundo o autor da proposta, várias universidades já oferecem cursos lato sensu e cobram por isso. De acordo com Canziani, com a retirada do mestrado profissional da possibilidade de cobrança será possível avançar na votação da matéria e "permitir que as universidades públicas continuem a cobrar pela pós-graduação lato sensu, trazendo importante fonte de recursos".
O assunto da cobrança pela pós-graduação lato sensu foi parar no Supremo Tribunal Federal porque o Ministério Público tem contestado a cobrança com base no argumento de que a Constituição prevê a gratuidade do ensino público oficial para todos os níveis.
Acordo com associação
Para o deputado Cleber Verde, a aprovação do texto vai encerrar processos judiciais que questionam a cobrança já feita por universidades públicas.
Segundo a deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), a posição da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) foi a favor da retirada do mestrado profissional daqueles que poderão ser cobrados. "A retirada do mestrado profissional fez parte de um acordo com as universidades, que também precisam de reforços de dotações para funcionar com qualidade. O destaque procura melhorar esse aspecto da PEC", afirmou.
Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), a PEC quebra o princípio da gratuidade do ensino público. "O destaque aprovado reduz um dano que seria o sinal de que o mestrado profissional pago teria o mesmo valor [de titulação] do mestrado acadêmico", disse.
Íntegra da proposta:
PEC-395/2014
Reportagem – Eduardo Piovesan
Edição – Pierre Triboli

✅ Os bastidores da Finlândia e os atalhos do Brasil – por Ronaldo Mota

No mês passado, em Londres, tive a oportunidade de participar, enquanto convidado da CISCO, da Exposição BETT (em inglês, "British Educational Training and Technology Show"). Ela é considerada, desde 1985, uma das mais importantes feiras na área de tecnologias na educação, atraindo algo em torno de 40 mil visitantes de mais de uma centena de países.
O Programa da delegação brasileira deste ano incluiu uma visita com palestras e debates no Institute of Education (IoE), classificado recentemente pelo "Times Higher Education Ranking" como a melhor instituição do mundo na área de educação. Professor David Scott do IoE, uma das maiores autoridades em teorias de aprendizagem e meu co-autor no livro "Educando para Inovação e Aprendizagem Independente", argumentou à delegação brasileira que seria pouco recomendável ao Brasil definir suas estratégias educacionais na educação básica tendo como referência principal melhorar seus indicadores no PISA. A explicação dele para não exagerarmos na ênfase ao PISA tem a ver com o caso Finlândia e seus bastidores.
A Finlândia é sempre uma referência importante em educação. Pelo passado e mais recentemente pelo que está fazendo hoje ao se preparar para o futuro. A Finlândia entrou no século XXI liderando os resultados do PISA (Programa Internacional para a Avaliação de Estudantes da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Curiosamente, desde então, tudo se passa como se a Finlândia, quase que propositalmente, caísse de forma sistemática no ranking. A grande percepção dos gestores da educação finlandesa foi suspeitar que o sucesso no PISA poderia, eventualmente, inibir mudanças no processo de aprendizagem, as quais eles sabiam ser urgentes e necessárias. Ou seja, a régua do PISA, provavelmente, mede melhor qualidades e expectativas do passado do que os predicados e exigências do futuro.
Em compasso com a radicalidade das transformações que se seguiram na Finlândia, progressivamente, ela foi ultrapassada por outros países (Cingapura, Hong Kong, Taiwan, Coréia do Sul e Japão). Ao tempo deste tempo, as escolas finlandesas foram adotando, ou se preparando para adotar, metodologias ativas que estimulam a aprendizagem independente. Para tanto, parte significativa das aulas tradicionais são substituídas pelo desenvolvimento de projetos temáticos nos quais os alunos refletem principalmente acerca do processo de aprendizagem em si.
Os formuladores de políticas educacionais e os docentes da Finlândia parecem saber melhor do que os demais países que a forma tradicional de educação, basicamente estruturada em aulas expositivas sobre disciplinas estanques, ainda que com um passado vitorioso, não mais prepara adequadamente as crianças e os jovens para o futuro. Ainda que as crianças possam ir bem no PISA, dado que o passado é compatível com as réguas adotadas, os desafios do futuro não parecem estar plenamente contemplados. A necessidade do desenvolvimento da capacidade de pensamento transdisciplinar, ou seja, olhar os mesmos problemas a partir de perspectivas e ferramentas diferentes, ao mesmo tempo que o educando aumenta a percepção acerca dos mecanismos segundo os quais ele aprende (metacognição, ou aprender a aprender), compõem as estruturas centrais da nova metodologia.
São mudanças complexas e que afetam a todos, em particular os professores, os quais passam a ter, relativamente, menos controle sobre os cursos, demandando que necessariamente eles trabalhem de forma colaborativa entre si e, especialmente, com seus alunos. Gradativamente, os mestres deixam de ter como atribuição principal as aulas expositivas (embora elas permaneçam em algum nível existindo) e, cada vez mais, se assemelham à figura de preceptores. Seja enquanto aqueles que acolhem e ajudam o educando a entender a si mesmo e refletir sobre sua própria aprendizagem, ou então aqueles que promovem a mentoria, especialmente conectando todas as disciplinas e conhecimentos fragmentados. Assim, cabe aos docentes atuar junto a seus alunos para extrair da multidisciplinaridade e das posturas metacognitivas os ingredientes principais para que eles possam aprender a resolver problemas e desenvolver projetos.
Em suma, olhemos para a frente, respeitemos as enormes diferenças de realidades, dado que, certamente, temos no Brasil muitas trilhas preliminares por cumprir ao mesmo tempo que temos que enfrentar complexidades similares às finlandesas. Porém, sem sabermos o que queremos para o futuro, a chance de errar por adotarmos remédios inadequados é muito alta. Felizmente, o Brasil tem sim atalhos possíveis e bons ingredientes. Precisamos saber, antes de mais nada, onde queremos chegar, conhecer bem outras experiências e definir, coletivamente, o quanto estamos dispostos a ousar.

✅ Diminui a diferença entre jovens ricos e pobres que concluem o ensino médio.

por Mariana Tokarnia - UOL Educação.
Em dez anos, Brasil diminui diferença entre jovens mais ricos e mais pobres que concluem o ensino médio. Em 2005, 18,1% dos jovens de 19 anos entre os 25% mais pobres da população concluíam o ensino médio. Entre os 25% mais ricos, a porcentagem chegava a 80,4%, existindo uma diferença de 62,3 pontos percentuais entre os dois grupos. Em 2014, último dado disponível, o cenário mudou. Entre os mais pobres, 36,8% concluíam o ensino médio e, entre os mais ricos, 84,9%. A diferença entre os dois grupos ficou em 47,8 pontos percentuais.
Os dados são de levantamento divulgado hoje (18) pela organização não governamental Todos Pela Educação, feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa tem como objetivo monitorar a Meta 4 da entidade, que estabelece que 90% ou mais dos jovens brasileiros de 19 anos deverão ter completado o ensino médio até 2022. Essa meta também monitora a conclusão do ensino fundamental até os 16 anos, estabelecendo o objetivo de que 95% dos jovens tenham completado este ciclo escolar até 2022.
`A perspectiva é redução de desigualdades. Esse dado é positivo. O Brasil está aumentando os índices e reduzindo as desigualdades`, diz a superintendente do Todos Pela Educação, Alejandra, Meraz Velasco, que pondera que o país ainda apresenta desigualdades que precisam ser enfrentadas.
Ensino fundamental
A redução das diferenças entre os mais pobres e mais ricos ocorre também no ensino fundamental. Em 2005, dos jovens de 16 anos entre os 25% mais pobres da população, 38,8% concluíram o ensino fundamental. Entre os 25% mais ricos, a porcentagem era 90%. A diferença entre os dois grupos era 51,2 pontos percentuais. Em 2014, entre os mais pobres a taxa de conclusão saltou para 62,7% que concluíram o ensino fundamental e, entre os mais ricos, 92,2%, uma diferença de 29,5 pontos percentuais.
De modo geral, os dados mostram que, nos últimos dez anos, o Brasil avançou 15,4 pontos percentuais na taxa de conclusão do ensino médio dos jovens de até os 19 anos. O percentual de concluintes passou de 41,4% em 2005 para 56,7% em 2014. Em números absolutos, isso significa que, nesse intervalo de tempo, os estudantes concluintes passaram de 1.442.101 para 1.951.586.
No ensino fundamental, a taxa de conclusão cresceu na mesma proporção que o ensino médio: quase 15 pontos percentuais, aumentando de 58,9% em 2005 para 73,7% em 2014. Passou de 2.106.316 concluintes em 2005 para 2.596.218, em 2014.
Desigualdades
No ensino médio, entre os grupos de jovens por raça/cor, o maior avanço registrado na década está entre a população parda, cuja taxa de conclusão aos 19 anos aumentou 19,8 pontos percentuais. Entre os pretos, o crescimento foi 17,1 pontos percentuais, enquanto os brancos apresentam 12,3.
No ensino fundamental, também houve queda na diferença. Entre os pardos, houve um aumento na conclusão da etapa de ensino de 20 pontos percentuais em dez anos. Entre os pretos, 18,2 pontos percentuais e, entre os brancos, 10,7.
Apesar das melhorias, as populações pardas e pretas ainda concentram os maiores percentuais de estudantes que não concluíram as etapas de ensino nas idades monitoradas. No ensino fundamental, em 2014, 82,9% dos brancos haviam concluído com 16 anos a etapa, enquanto 66,4% dos pretos e 67,8% dos pardos atingiram o mesmo patamar. No ensino médio, 66,6% dos brancos com 19 anos concluíram a escola. Entre os pretos o percentual foi 46,9% e, entre os pardos, 50,1%.
Na avaliação de Alejandra, o país ainda está distante de cumprir, em 2022 a meta estabelecida pela entidade, de que pelo menos 90% dos jovens brasileiros de 19 anos tenham o ensino médio concluído. `Como em outros indicadores de educação, observamos melhorias, destacamos melhorias, mas o Brasil não está melhorando a educação em um ritmo que a gente esperava`, diz.
Onde estão os jovens?
Quase um quarto dos jovens de 19 anos não estuda e nem trabalha, segundo o estudo, a chamada `geração nem nem`. A porcentagem tem se mantido mais ou menos constante. Em 2005, eram 23,1% e, em 2013, a porcentagem subiu para 25,7%. Em 2014, houve uma queda, para 24,5% dessa população. Isso significa que 842.217 jovens estão nessa situação no Brasil.
Aos 16 anos, a porcentagem de `nem nem` é menor, era 11,2% em 2005 e caiu para 10,5% em 2014, o que corresponde a 370.633 adolescentes que não estão na escola e nem trabalhando. Mais 244.232 (6,9%) só trabalham.
`Sem dúvida isso é preocupante e passa pela necessidade de reestruturação do ensino médio. Muito do aumento de quem não frequenta a escola é devido ao desinteresse no ensino médio`, avalia Alejandra. A partir desse ano, o ensino até os 17 anos passa a ser obrigatório no Brasil, como prevê a Emenda Constitucional 59/2009 e o Plano Nacional de Educação (PNE). Para Alejandra, isso deve se refletir nos indicadores futuros.